Ainda bem que o lançamento do Drex foi adiado

jun 20, 2024 | Radar Foxbit

O adiamento do lançamento do Drex para 2025, claro, frustrou a expectativa de muitos no país. Porém, há um motivo muito sério e importante que leva a esse atraso. E, se nos permitem, que bom que adiaram! Afinal, o cuidado do Banco Central brasileiro (BACEN) não está relacionado a aspectos técnicos da tokenização de transações, mas, sim, do sigilo de pessoas e empresas. E é sobre isso que vamos discutir no Radar 3.0 desta semana!

O que está acontecendo com o Drex?

A partir de um momento específico de seu desenvolvimento, o Banco Central estimava que o Drex estaria no ar para o público agora, entre maio e junho de 2024. Porém, detalhes tão pequenos impediu que o lançamento fosse realizado.

Há duas vertentes importantes que estão sob a visão do BACEN: tecnologia e privacidade.

A começar pela tecnologia, o desempenho da hyper ledger Besu está atendendo boa parte das expectativas, mas sempre é possível melhorar. 

Atualmente, é possível processar um bloco a cada 5 segundos. Sabendo do potencial da tecnologia, este é um tempo razoável para a verificação das operações. Mas o Grupo Foxbit e outros participantes do projeto estão confiantes de que com pequenos ajustes, é possível alcançar tempos ainda melhores.

Já o segundo ponto é a questão da privacidade!

Por natureza a blockchain e a Besu são sistemas transparentes, em que os usuários podem verificar todas as transações que ocorrem dentro da rede… O que é um problema quando falamos de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sigilo bancário e outras normas relacionadas à segurança das informações.

E isso impacta não só a transação monetária possível com o Drex, mas também a tokenização de ativos, financiamentos e outros produtos financeiros.

Então, o BACEN, em conjunto com vários consórcios, estão realizando uma série de testes com casos de uso cotidianos para identificar justamente essas “pendências”… O que, claro, gera atraso.

E que atraso bom!

Nós entendemos que havia muita expectativa sobre o Drex. E seu adiamento pode diminuir bastante o hype em torno da tecnologia… Mas pense com a gente: melhor uma instituição preocupada em preservar a privacidade das nossas informações, do que usar uma ferramenta que deixa dados sensíveis à mostra para quem quiser ver.

É evidente que há todo um arcabouço legal para que “obrigue” o BACEN a tomar todos esses cuidados. Entretanto, isso mostra que a natureza da blockchain e a segurança de seus dados estão recebendo cuidados importantes – algo difícil nos dias de hoje.

Portanto, acho que podemos facilmente considerar como um “alívio” esse adiamento!

Credenciais do Drex

Considerando a complexidade do Drex, o acesso à plataforma é um caminho fundamental. Afinal, a gente não tá falando se de fazer um pagamento na padaria… Este é um sistema que vai permitir desde realizar o financiamento de um imóvel até receber auxílios sociais do governo.

Por isso, padronizar a base de dados é tão importante, como explicou o coordenador do Drex, Fábio Araújo. ”O ideal é não ter uma identidade para o setor financeiro, uma identidade para o setor educacional, uma identidade para o setor de saúde, mas uma entidade que promova isso”.

Então, a aposta do BACEN, por enquanto, está sendo a utilização do cadastro no Gov.br.

Afinal, ali estão informações completas e padronizadas que, embora não seja do escopo do Banco Central, pode facilitar a oferta de serviços por outro ministérios

Forte interesse em lançar o Drex

Bom, apesar de todas essas lombadas no caminho, o Banco Central e todas as empresas que participam do piloto estão mais do que engajadas em fazer o melhor lançamento do Drex.

E como comentou o presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, a instituição está em conversas constantes com o Banco Central da Coréia do Sul, que tem um alto domínio da tecnologia. E isso não só para a tokenização, mas também para a criação de um CBDC (Central Bank Digital Currency).

Tudo isso, evidentemente, apresenta mais desafios, mais gargolos e exige mais tempo para que um sistema amplo, funcional e seguro possa funcionar.

Durante sua participação no Emerging Tech Summit, Campos Neto deixou claro seu otimismo com o Drex, que conta com o apoio também do PIX.

Usando os mercados asiáticos como exemplo, a expectativa é que seja muito mais fácil, rápido e barato transferir valor entre cidades, estados e países. Ponto super positivo para nossa economia! 

Fora isso, “inserimos com o Drex o conceito de tokenização nos sistemas dos bancos”, confirma o mandatário. Ou seja, uma evolução absurda do que temos em termos de sistema financeiro!

Drex está pavimentando nossa economia

Ao falar do Drex é importante que tenhamos essa visão ampla. Não é só um meio de pagamento, é um sistema financeiro completamente novo, personalizável e bem menos burocrático!

Por isso, a inclusão de uma CBDC no projeto dificulta, mas traz uma perspectiva muito interessante ao projeto. Ainda mais em um momento em que o mundo está tentando encontrar meios de “legalizar” as stablecoins, como discute a S&P Global.

Fato é que o desenvolvimento econômico do país passa justamente por essas melhorias, em meio a um sistema extremamente moroso, obscuro e pouco confiável! E saber que o BACEN está preocupado com tudo isso, é de se aplaudir.

Por isso, mais uma vez, que bom que o Drex foi adiado para 2025!

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