As CBDCs estão se tornando o próximo passo da revolução tecnológica e financeira das criptomoedas. Com a era da economia digital, realizar pagamentos ou enviar e receber recursos ficou muito mais fácil e acessível. Assim, os diferentes tipos de negócios encontraram soluções para agregar valor no dia a dia, beneficiando milhões de pessoas em todo o mundo. O que se busca agora, porém, com as Central Bank Digital Currency, é dar um novo passo rumo ao universo digital. E a China, segunda maior potência econômica global, está liderando a corrida por esta ferramenta inovadora. Entenda mais abaixo.
O que é uma CBDC?
Basicamente, uma CBDC é a versão digital do dinheiro de determinado país. De maneira distinta dos criptoativos disponíveis no mercado, como bitcoin (BTC) ou ether (ETH), ela opera de forma centralizada, pois é atrelada a um banco central. Dessa forma, é papel do BC cuidar da sua emissão e gerenciamento.
Outra disparidade para ativos como bitcoin (BTC) é que, sem muitas restrições, uma CBDC pode ser empregada para resolver pendências do dia a dia, como fazer compras, enviar valores, receber pagamentos e até mesmo guardar dinheiro, entre outras coisas.
CBDCs batem de frente com o PIX
As CBDCs, porém, parecem encontrar um certo obstáculo, pelo menos no nível teórico. Afinal, com o surgimento do Pix, em novembro de 2020, muita gente se questiona: qual o sentido de adotar uma CBDC, se o serviço de pagamentos instantâneos já movimenta valores 24 horas por dia e sem taxas?
O caso é que com a moeda digital própria, o banco central possui maior controle para evitar fraudes e não depende de instituições financeiras ou fintechs para suas atividades.
Assim, a equivalência mais importante com as criptomoedas, talvez, é que as moedas digitais também usam como base a blockchain, um banco de dados público em que todas as informações dos ativos e usuários ficam disponíveis.
No caso das CBDCs, esse banco de dados tende a ser mais restrito. Contudo, a blockchain permite que as transações tenham os smart contracts, estabelecendo determinadas condições para que um negócio ocorra.
Saiba mais: Smart Contracts: o que são e como funcionam?
CBDC: a China e demais países na corrida pela moeda digital
Com tantas vantagens, diversos países se mostram interessados em contar com as versões de suas moedas digitalizadas. Para se ter ideia, cerca de 90% dos bancos centrais do mundo realizaram pesquisas para implementar uma CBDC. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a Rússia são alguns dos importantes players. No Brasil, o Banco Central começou a trabalhar o projeto para ter o real digital até o final de 2024.
Mas é a China quem parece liderar este movimento.
No gigante asiático, um importante país consumidor e centro industrial, o Banco Central da do país anunciou o yuan digital no formato piloto em janeiro de 2022 – portanto, há um ano. Conhecido como e-CNY, os acessos ao aplicativo da moeda virtual chinesa mostram a enorme expectativa da população local. No ano passado, o e-CNY ultrapassou a marca de 250 milhões de downloads somando o iOS e Android.
Agora, o desafio das autoridades reguladoras é desenvolver um app que possa ter um “algo a mais” sobre ferramentas, como Alipay e WeChat, que levam o conceito de “tudo em um só lugar” (em que é possível fazer compras de bebidas a itens de supermercado, passando por alimentos prontos). E os diferenciais podem vir com a habilitação dos smart contracts nas transações e do pagamento offline.
Do lado das empresas, tudo indica que em breve será possível realizar investimentos a partir das CBDCs.
A Soochow Securities, uma corretora chinesa, lançou, em colaboração com o Banco Popular da China, uma solução de compra e venda de valores mobiliários na sua plataforma. É possível em um futuro próximo que ações ou fundos de investimento sejam negociados em instituições financeiras.
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China avança nas CBDCs
No escopo de trabalho para ter o yuan digital, a China iniciou o projeto em 17 regiões espalhadas pelo país, fruto de um esforço adotado nos últimos 18 meses. Para isso, a estratégia do Banco Central foi utilizar um método de sorteio de envelopes vermelhos, em que cada envelope continha uma pequena quantidade de yuans digitais a ser utilizada pelos usuários.
Segundo o BC da China, a instituição acaba de enviar 30 envelopes vermelhos para novas áreas pilotos com o objetivo de incentivar o consumo. A ideia é “continuar a realizar aplicações inovadoras de renminbi digital (como também é conhecido o yuan) para fazer a interconexão entre o sistema renminbi digital e as ferramentas de pagamento eletrônico tradicionais”.
O anúncio ocorre dias depois do BC chinês divulgar a funcionalidade de pagamentos offline para o yuan digital. Na estreia da funcionalidade, em 23 de janeiro deste ano, os smart contracts foram habilitados no aplicativo da varejista Meituan. Agora é esperar pelos próximos passos.