Nos últimos anos, uma série de transformações despontaram no sistema financeiro para beneficiar uma grande gama de consumidores. Primeiro, com os bancos digitais. Depois, com as fintechs. O crescimento e a consolidação das criptomoedas colocaram as exchanges como a bola da vez. Dessa forma, a Web 3 aparece como uma tecnologia capaz de impulsionar diversos setores.
Conhecida também como Web 3.0, é considerada a terceira geração da internet. Segundo especialistas, ela representa um mecanismo mais seguro de navegação nas redes porque seus dados são registrados em blockchain, tecnologia que funciona como um grande banco de dados público.
Atualmente, a blockchain é famosa por registrar as movimentações de criptomoedas como bitcoin (BTC) e ethereum (ETH) sem o controle de empresas ou órgãos reguladores, como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Neste grande livro contábil digital, é possível rastrear as informações, identificar os usuários, expressar quem mandou e quem recebeu valores, bem como o dia e a hora exata em que a negociação aconteceu.
Basicamente, tudo isso ocorre por meio de algoritmos matemáticos que contribuem bastante para a segurança do processo. Qualquer alteração depende do seguimento de regras preestabelecidas e do consentimento dos próprios usuários, o que se encaixa no conceito de plataforma que funciona de forma descentralizada.
De acordo com dados do Web Report, elaborado pela Chainalysis, empresa especialista em dados de blockchain, mais de US$ 40 bilhões em criptomoedas foram enviados para marketplaces associados a NFTs entre janeiro e abril de 2021. No mesmo período deste ano, US$ 37 bilhões foram movimentados nas plataformas. Ainda que ocorram oscilações, a expectativa é que o setor tenha crescimento ao longo do ano.
Evolução da Web
Com o surgimento da World Wide Web, em 1991, pelas mãos do cientista da computação e professor do MIT Tim Berners-Lee, o mundo nunca mais foi o mesmo. Nascia ali a oportunidade de conectar as pessoas do mundo inteiro em um único ambiente. Por ser este o objetivo principal, porém, a web 1.0 era estática, ou seja, sem interatividade entre as pessoas. Outro ponto importante é que a tecnologia dos computadores foi evoluindo de forma progressiva, conforme novas necessidades – movimento importante para a personalização dos conteúdos nas redes.
Já na web 2.0, no final da década de 1990, a interatividade do usuário passa a despontar com maior força por meio de sites de notícias e bate-papo, programas de conversa, jogos e redes sociais. O volume de dados produzido pelos consumidores é cada vez maior, acompanhando a democratização do acesso à informação. Esse período é marcado pelo surgimento do MSN, Orkut, Facebook, YouTube e Twitter, além de jogos nos computadores e consoles.
O que a web 3.0 propõe, agora, é dar um passo além. Há ferramentas e tecnologias muito mais poderosas do que no passado. A quantidade de informações movimentadas todos os dias também é infinitamente superior. Por isso, a ideia de Berners-Lee, também criador do conceito da terceira fase da internet, é que os dados sejam registrados em blockchain, e as interações em diferentes plataformas ocorram de forma mais segura e descentralizada.
Isso permite que aplicativos, sites e plataformas permaneçam conectados sem nenhum tipo de interrupção, por exemplo. A inteligência da rede web 3 vem sendo construída para a melhor experiência do usuário.
NFTs e Metaverso
Uma vez que o mecanismo da internet passe a funcionar com base em blockchain de forma criptografada, com o registro em blockchain, o combate à fraude será muito mais eficiente, o que permite novos negócios e mercado disruptivos despontarem no futuro. Há alguns exemplos recentes, como as NFTs (non-fungible tokens).
As NFTs ficaram bastante conhecidas por conta dos tokens de arte digital. Em alguns casos, além dos tokens únicos oferecidos para os consumidores, coleções como BAYC (Bored Ape Yacht Club) e CryptoPunks oferecem vantagens na vida real, como festas e eventos exclusivos que só os detentores dos ativos têm acesso.
No entanto, os tokens estão inseridos em vários outros segmentos, como o mercado de games. Nos jogos, os players podem adquirir novos avatares, equipamentos e demais itens especiais. Por conta do registro em blockchain, os usuários podem ganhar dinheiro em criptomoedas ou comprar e vender tais produtos dentro do jogo de forma segura.
Por outro lado, com o auxílio de tecnologias imersivas, o metaverso, ambiente que unifica os mundos real e físico em um só lugar, também aparece com novas possibilidades para o empreendedorismo. Não é à toa que empresas como Meta, Microsoft, Apple e Google demonstraram grande interesse no tema.
No pano de fundo, está a proposta de se aproximar cada vez mais consumidores – esses têm muito mais voz ativa na era digital. Mas vai muito além: as companhias se preparam para viver um novo momento, atendo aos desejos e necessidades de seus usuários por experiências ainda mais complexas. Hoje, em jogos do metaverso, há roupas, tênis e até refrigerantes da Coca-Cola sendo consumidos. Artistas como Emicida ou Travis Scott fizeram shows exclusivos com seus avatares no game Fortnite.
Outros indícios do poder da tokenização e da Web 3.0 no futuro são as ideias de criação do real digital, no Brasil, ou do peso digital, na Argentina. Como isso deve impactar o setor financeiro? Existem diversas oportunidades e a tecnologia blockchain tem muito a contribuir com esse novo momento.