Na era da economia digital, diversas ferramentas despontaram para dar mais agilidade, eficiência e transparência às transações financeiras. Em novos setores do mercado, como a criptoeconomia, se trata de um movimento importante com o objetivo de gerar maior segurança aos investidores e aumentar o fluxo de investimentos.
Uma dessas ferramentas são os smart contracts. Basicamente, os contratos inteligentes são programas que executam determinado negócio de forma automatizada. Para isso, porém, as partes definem algumas regras previamente. Caso essas condições sejam alcançadas, a operação é concretizada sem grandes empecilhos e de maneira automática. Entenda mais sobre o processo abaixo.
Smart Contracts versus Contratos Tradicionais
Para compreender o funcionamento dos smart contracts, vale aplicar uma analogia simples. Em um financiamento veicular ou imobiliário, ou mesmo na contratação de empréstimos, o tomador passa por uma avaliação de risco de crédito, que leva em conta a sua capacidade de pagamento com base na renda e no seu histórico financeiro.
Se esse consumidor deixar de honrar com o compromisso junto à instituição financeira, ele poderá ser penalizado. Entretanto, para isso acontecer, há um longo caminho. O banco precisa recorrer à Justiça, que avalia o caso, para só então tomar uma decisão. Se for comprovada a falha, a pessoa pode ter que devolver os recursos para o dono original. É, portanto, um processo burocrático e que pode demorar meses – quem sabe, até anos.
Contudo, se o negócio fosse firmado com o auxílio de contratos inteligentes, nenhuma das partes precisaria recorrer ao Judiciário para situações de descumprimento de pagamento. Se o credor emprestasse US$ 10 mil por meio da blockchain Ethereum (ETH), os códigos executariam o contrato de forma automática, caso as regras não fossem respeitadas, devolvendo o dinheiro para o antigo sem muita dificuldade. É mais segurança tanto para as empresas quanto para os investidores.
Blockchain e smart contracts
Apesar da blockchain ter chegado ao mercado em 2008, quando o primeiro bitcoin (BTC) foi minerado, os smart contracts nasceram mais recentemente, em 2015, com o lançamento da rede Ethereum (ETH). Hoje, a Ethereum é uma das plataformas mais utilizadas do mercado, somente atrás do bitcoin.
Para funcionar, a estrutura dos smart contracts utiliza a rede blockchain, tecnologia que funciona como um grande banco de dados público baseada nos termos Confidentiality, Integrity and Availability (CIA).
Com a blockchain, as duas partes precisam concordar com as regras para o contrato antes de inseri-lo na rede. A partir desta tecnologia, é possível registrar, de forma cronológica, uma série de informações, como rastreio na cadeia de suprimentos, processos de produção, verificação de autenticidade e outros. Uma vez protocolado, o contrato inteligente é imutável.
Vale lembrar que, na blockchain, não existe a necessidade de intermediários quando o negócio é sacramentado, como bancos ou outros órgãos reguladores. Para alterar qualquer dado ou informação, os participantes presentes da rede (os nós) precisam consentir com tal ação, que segue regras restritas.
Caso não haja essa autorização, as modificações não têm qualquer valor concreto. Os negociadores, podem estipular uma condição para que isso aconteça, como a partir de determinada data ou com o recebimento de determinado valor de forma prévia, por exemplo.
Outras plataformas
Para além do Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), outras plataformas descentralizadas podem ser utilizadas para que um contrato inteligente seja inserido na blockchain, como a NXT e a Cardano. A tendência é que novas plataformas despontem nos próximos anos. Os smart contracts oferecem para seus usuários, maior segurança, eficiência, redução de custos operacionais, transparência dos negócios e precisão no registro dos dados.
Na temática da transparência, todos os dados sobre os negócios, como nome dos envolvidos, data das transações, o histórico daquele ativo e as condições determinadas estão sempre à disposição dos atuais donos como também dos potenciais compradores. Assim, é muito mais fácil entender a procedência de um ativo e coibir os riscos de fraudes.
Atualmente, o uso de smart contracts já é realidade no mercado imobiliário e nas negociações de non fungible tokens (NFTs), na indústria automobilística, em e-commerces e na cadeia de suprimentos. Com o desenvolvimento do modelo e propagação entre os consumidores, a ideia é que tal ferramenta possa alcançar um novo e mais elevado patamar nos próximos anos.