Inteligência artificial e Web 3.0 são compatíveis? Para responder essa pergunta, primeiro precisamos entender o que é e como funcionam as tecnologias. Também conhecida como IA (ou AI, em inglês), esta é uma área da ciência da computação que busca desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como reconhecimento de fala, visão computacional, processamento de linguagem natural e tomada de decisões.
Esses sistemas são criados através de algoritmos de aprendizado de máquina, que permitem que o computador seja treinado a partir de dados e informações para executar tarefas específicas de forma autônoma. A partir do aprendizado, a IA pode identificar padrões e tomar decisões com base nas informações que recebe.
Esse conceito nasceu em 1959, a partir do termo Machine Learning — em português, aprendizado de máquina — descrevendo um sistema que dá aos computadores a capacidade de aprender algumas funções sem que sejam programados para tal fim, para que a máquina aprenda a executar algo automaticamente.
Pouco tempo depois, em 1964, o mundo conheceu o primeiro chatbot. A Eliza, criado por Joseph Weizenbaum no MIT, conversava de forma automática usando respostas baseadas em palavras-chave e estrutura semântica e sintática.
Foram grandes os avanços da inteligência artificial ao longo da história. Hoje, quando estamos comprando em algum site e nos deparamos com produtos recomendados – o famoso “Você também pode gostar de…” – ou até mesmo quando vemos alguns e-mails na caixa de spam, são exemplos dessa evolução.
O que é a Web 3.0?
A Web 3.0, por sua vez, é uma evolução da internet que busca torná-la mais inteligente, descentralizada e conectada. Sua base é ancorada na tecnologia blockchain e IPFS (Sistema de Arquivos Interplanetários, na sigla em inglês), sinônimo de segurança e transparência.
Diferentemente da Web 2.0 que coleta dados de usuários, a terceira geração da internet foi projetada para ser mais descentralizada, em vez de ser controlada por corporações ou outras entidades centralizadas. Assim, prioriza os usuários, capacitando-os com o controle sobre seus dados e ativos digitais. E é justamente essa abordagem que diferencia a Web 3.0 e a posiciona como um ator-chave no futuro da internet.
Como a inteligência artificial participa da Web 3.0?
A inteligência artificial (IA) desempenha um papel fundamental na Web 3.0, pois permite a criação de sistemas mais seguros, inteligentes e eficientes, como:
Escalabilidade: pode ser usada para melhorar a escalabilidade de redes blockchain, permitindo que elas processem transações mais rapidamente e com maior eficiência.
Protocolos inteligentes: permitem a comunicação e a interação entre diferentes sistemas blockchain. Por exemplo, a plataforma Polkadot usa um protocolo de comunicação chamado Substrate, que usa a IA para melhorar a interoperabilidade entre diferentes blockchains.
Detecção de fraude e segurança: a plataforma Chainalysis usa IA para analisar transações em blockchains e identificar atividades suspeitas, como lavagem de dinheiro e financiamento terrorista.
Privacidade de dados: permite que os usuários controlem melhor suas informações pessoais. A plataforma Enigma, por exemplo, usa IA para criar um protocolo de computação segura e privada que permite que os usuários executem contratos inteligentes sem revelar suas informações pessoais.
Análise de dados: ajuda a identificar padrões e tendências nos dados para tomar decisões mais informadas.
Personalização: pode ser aliada na personalização da experiência do usuário, analisando os dados de navegação para recomendar conteúdo relevante e criar experiências personalizadas.
Eficiência e transparência: monitoramento da cadeia de suprimentos e garantia que determinados produtos sejam produzidos de forma ética e sustentável. Pode também acompanhar a qualidade do ar e da água e identificar fontes de poluição.
Inteligência artificial e ChatGPT
Depois de ser lançado em novembro do ano passado, o ChatGPT, modelo de linguagem baseado em inteligência artificial do unicórnio norte-americano OpenAI, alcançou a marca de 100 milhões de usuários em poucos meses.
Conquistou tamanha legião de usuários porque, mais do que um desses chatbots que fazem o atendimento inicial em e-commerces, ele pode executar uma variedade de tarefas que exigem algum nível de complexidade.
A ferramenta é capaz de produzir diversos tipos de textos, de poemas a críticas de cinema até fazer provas de MBA e ajudar programadores a resolver problemas do dia a dia.
Especialmente no mundo dos negócios, a IA será cada vez mais uma aliada de líderes e organizações, ajudando na compreensão de dados de forma automatizada e em tempo real. Isso impacta diretamente na tomada de decisões, na criação de novos modelos de negócios e em novas maneiras de trabalhar, por exemplo. Fato é que uma revolução está por vir, fruto da combinação entre essas duas tecnologias, e é preciso ficar de olho nas tendências.