Não é de hoje que o dólar norte-americano é responsável por praticamente tudo no mundo. Inclusive, é muitas vezes ele que é utilizado como base para descrever dados econômicos dos países para se criar uma espécie de padronização. E não precisamos ir muito longe para ver isso.
Há alguns anos, os barris de petróleo no Brasil seguiam o chamado PPI (Preço de Paridade de Importação). Entre diversos cálculos da extração e até de logística, em uma tentativa de manter essa paridade com os preços praticados pelo mercado internacional. No fim do dia, é a mesma coisa que o valor do petróleo brasileiro fosse padronizado em, adivinhe, dólares!
Responsável por cerca de 80% das transações comerciais entre os países do mundo todo, a gente pode estar vendo o famoso “game changing”. Afinal, uma tecnologia já conhecida por nós há certo tempo está entrando em jogo em um dos principais blocos econômicos do mundo.
Criptomoedas marcam o fim do dólar?
Parar para pensar em um mundo sem o dólar intermediando as negociações internacionais é, no mínimo, estranho. Afinal, estamos falando de umas das maiores – se não a maior – economia do mundo há décadas. Não à toa, muitos dos países possuem uma larga reserva cambial em… Dólares!
Mas, sim, o mundo está dando uma volta muito grande. O movimento de desdolarização não é algo discutido hoje. Ele já vem acontecendo há algum tempo, principalmente por parte da Eurásia, com China e Rússia puxando a fila. O ouro voltou a ganhar força nas reservas de valor desses países, enquanto a moeda norte-americana foi perdendo espaço.
Essa mudança de rota pode se intensificar ainda mais, a partir de um grande projeto do BRICs, um dos principais blocos econômicos do mundo. A proposta é desenvolver uma criptomoeda única que possa ser utilizada entre os países-membros, de forma a mitigar o câmbio e a lentidão dos processos financeiros.
Um grande acerto do BRICS
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se uniram para formar um único bloco econômico chamado BRICS para criar um caminho simplificado e facilitado para transações comerciais ao exterior. Mais recentemente, Etiópia, Egito, Emirados Árabes Unidos e Irã também entraram para o grupo, como economia emergentes, para também participar desses novos mecanismos de importação e exportação.
Movimentando bilhões de dólares entre si, a flutuação cambial e a utilização de tecnologias burocráticas incentivaram o BRICS a buscarem uma solução não apenas de agilidade para confirmar suas negociações no comércio exterior, mas que também pudessem acelerar o processo de desdolarização.
Para isso, o grupo se reuniu e está dando seus primeiros passos para desenvolver uma criptomoeda própria, que será utilizado exclusivamente dentro do bloco para concretizar todas as importações e exportações entre os países-membros.
Entretanto, a ideia do BRICS é dar um passo além do que utilizar as criptomoedas como meio de pagamento. Há um interesse ainda maior na tecnologia. Como comentado pela Rússia em um comunicado de imprensa, a blockchain é uma resposta às necessidades por um sistema de pagamentos independente, rentável, apolítico e, claro, eficiente.
Desse relato, podemos entender que a ambição do BRICS é muito mais do que promover pagamentos transfronteiriços. Aqui, a proposta é avançar para criar uma infraestrutura financeira internacional mais equilibrada dentro do bloco.
Brasil é referência nestas soluções
Quando falamos de desenvolvimento tecnológico, ainda mais sobre criptomoedas, a China parece ter um lugarzinho específico no nosso imaginário. E até parece que a gente nem lembra que, três anos atrás, o governo decidiu proibir as atividades de comercialização e mineração de criptomoedas.
Mas se pensarmos bem, essa percepção nem é tão absurda assim. Afinal, mesmo com os vetos – amplamente discutíveis – os chineses estão com o projeto piloto de sua CBDC (Central Bank Digital Currency) avançadíssimo por lá. As etapas de testes em comércios locais já foram ultrapassadas, e a fase de implementação para pagamento de taxas aduaneiras em pleno funcionamento.
Então quer dizer que a China domina este desenvolvimento tecnológico? Longe disso! O Brasil está lado a lado com o governo chinês. Não só temos uma regulamentação sobre os players do mercado de criptomoedas – que cabe avanço –, como entramos no ano em que o Drex (Real Digital) encaminha sua fase final e mira o lançamento ainda este ano.
Esses dois cenários já tem sido o suficiente para que diversas empresas internacionais tenham criado sedes por aqui, em uma forma de escapar de países em que a regulamentação não existe ou não é clara o suficiente. Vide o que aconteceu com algumas corretoras e empresas de tecnologia nos Estados Unidos na reta final de 2023.
Drex não invalida a criptomoeda do BRICS
Há quem imagine que não tem porquê o Brasil utilizar e participar da criação de uma criptomoedas para pagamentos do BRICS, sendo que já temos o Drex. Mas aí vale fazermos uma boa distinção desses dois tipos de ativos.
A confusão é bem justificável. Afinal, ambos operam dentro de uma blockchain e de forma bastante semelhante. Entretanto, elas divergem em relação às suas aplicações e objetivos.
Enquanto a moeda digital do BRICS é vista como um meio para facilitar o comércio internacional e reduzir a dependência do dólar, o Drex tem seu maior foco na melhoria do acesso e eficiência das transações financeiras dentro do Brasil.
Ou seja, o Drex não foi projetado apenas para movimentar dinheiro de forma digital dentro do país, mas também para integrar ativos financeiros diversos, oferecendo um novo nível de flexibilidade e inovação nos serviços disponíveis, como financiamentos, crédito e até pagamento de benefícios sociais.
Com isso, o Drex acaba se destacando por ser capaz de funcionar com contratos inteligentes (smart contracts), tornando-o um dinheiro “programável” que permite essa capilaridade em diversos serviços financeiros nacionais. Por outro lado, a criptomoeda do BRICS busca fortalecer a autonomia econômica e a cooperação entre nações emergentes.
Chega de fluxos cambiais?
Apesar de um movimento macroeconômico e política relativamente conturbado e até uma pitada de dúvidas sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos em relação à sua inflação, o dólar permanece uma moeda extremamente forte no mundo inteiro.
Dizer que a criptomoeda do BRICS vai levar à desdolarização é verdade até a página cinco. Afinal, ainda boa parte das relações destes países com nações fora do bloco são e deverão continuar sendo com a moeda norte-americana.
Porém, é inegável que o jogo está começando a mudar. E muito! Este movimento tecnológico não era observado alguns anos atrás e com o cerco econômico cada vez maior, a digitalização financeira vai ser indispensável para os países que quiserem manter relações comerciais saudáveis e eficientes.
Fato é que as criptomoedas e a blockchain aceleraram muito o processo não só da desdolarização, mas da criação de um novo sistema econômico, que possa ser mais justo, eficiente e transparente. E mesmo com uma certa “entortada de nariz” de alguns governantes, a tecnologia vai, inevitavelmente, precisar ser inserida em suas economias.
As empresas não passam ilesas deste processo. Assim como a digitalização de dados, com computadores, soluções e meios de pagamento também precisam acompanhar essa tendência.
Por isso, carregando a honra de ser a primeira empresa criptonativa a participar do projeto piloto do Drex, o Grupo Foxbit entende esta participação como um reconhecimento a todas as soluções corporativas da Foxbit Business, como pagamentos com criptomoedas, crypto-as-a-service e tokenização de ativos. Ou seja, um pacote completo para que você e sua empresa possam entrar nesta nova economia!