Tokens de utilidade vêm sendo usados para aumentar engajamento junto aos torcedores e elevar receitas dos clubes.
Ao longo dos últimos anos, os clubes brasileiros de futebol criaram projetos para aumentar a quantidade de público presente nos estádios, elevar suas receitas e se aproximar ainda mais de seus torcedores. O grande exemplo é a implementação e reformulação dos programas de sócio-torcedor. Agora, a bola da vez para os clubes é o fan token.
Basicamente, um token nada mais é do que um ativo digital que roda em uma rede blockchain, um grande banco de dados digitais que registra todas as movimentações financeiras de seus usuários. Esse banco de dados funciona por meio da conexão entre diferentes blocos de uma cadeia e só pode ser modificado mediante o consenso da rede, o que traz muito mais segurança para as operações.
No caso da indústria cripto, há quatro tipos principais de tokens disponíveis no mercado: o payment token (token de pagamento), security token (token de segurança), equity token (atrelado a ações de empresas ou commodities), o non-fungible token (NFT) e o utility token (token de utilidade).
E o fan token nada mais é do que um token de utilidade. No geral, o token de utilidade é oferecido pelas empresas para recompensar seus clientes em troca da compra de produtos e serviços. E este tipo de token não está restrito ao futebol. Por exemplo: uma pessoa pode receber descontos na próxima compra em uma rede de varejo, farmácia ou restaurante ao ativar um utility token.
Por si só, a proposta abre grandes possibilidades para as empresas, que podem recompensar os funcionários ou melhorar a participação e o interesse na sua própria estrutura corporativa ou na de parceiros.
Tokens de utilidade no futebol
Dessa forma, o principal engajamento do utility token para os clubes de futebol é aumentar o engajamento. Neste caso, um apaixonado pelo esporte que resolve se tornar sócio do seu clube passa a receber em troca daquela mensalidade um fan token que dá direito a participar de votações da instituição, como a música no dia das partidas ou detalhes no vestiário.
Quando o agora campeão do mundo Lionel Messi trocou o espanhol Barcelona pelo francês Paris Saint-Germain, em agosto de 2021, além da remuneração de € 35 milhões de euros por ano, o argentino ganhou uma certa quantidade de tokens como parte das “luvas” pela assinatura do contrato. No mesmo ano, outros clubes, como Manchester City e Milan já haviam desenvolvido iniciativas semelhantes.
Por aqui, os tokens de utilidade são usados de diferentes maneiras pelos clubes. Em 2021, o Corinthians anunciou um fan token que possibilita os donos votarem para decidir qual ídolo será homenageado com um busto no Parque São Jorge ou qual será a nova frase para o túnel de acesso da Neo Química Arena.
No Atlético Mineiro, o torcedor do galo que tiver um token consegue definir o modelo de braçadeira que o capitão da equipe vai usar nos jogos, escolhe o layout do ônibus para as viagens Brasil afora, a música que será tocada antes das partidas e ainda pode receber artigos autografados pelos jogadores.
Quanto movimentam os fan tokens no mundo?
De acordo com o site CoinMarketCap, o valor de mercado dos fan tokens é de R$ 1,39 bilhão no mundo. Entre os principais, têm destaque os de Lazio (Itália), Santos, PSG, FC Porto e Barcelona. Juntos, eles valem cerca de US$ 500 milhões.
Diferente de criptomoedas como bitcoin, ethereum e dogecoin, os fan tokens não podem ser utilizados para a compra de artigos dos clubes. Eles são negociados pela primeira vez por meio de uma Oferta de Fan Token (FTO), algo bastante similar às Ofertas Públicas de Ações (IPO, em inglês) – modelo no qual as empresas que decidem abrir capital passam a negociar seus papéis no mercado.
Em uma Oferta de Fan Token, cada torcedor pode comprar uma quantidade limitada de tokens. Para isso, eles precisam primeiro adquirir as criptomoedas na plataforma onde os fan tokens são disponibilizados. As vendas são encerradas no momento em que o último ativo for negociado. No Corinthians e Atlético-MG, foram vendidos 850 mil tokens em cada clube. Os valores normalmente começam em US$ 2 (pouco mais de R$ 10) por ativo.
Apesar de não serem usados na aquisição de produtos, esses tokens podem ser revendidos para outros torcedores. E o que altera os valores é a maior ou menor disponibilidade do produto.