Apesar de um recente sentimento “retrô”, com a volta das vitrolas, discos de vinil e até celulares flip, viver em um mundo sem algumas tecnologias já consolidadas é algo impensável, se não, na verdade, impossível de acontecer. Assim, você até pode imaginar voltar a fazer negócios via ligação telefônica ou no famoso “tête-à-tête”. Entretanto – e com total certeza –, não só sua empresa, mas toda a humanidade não sobreviveria sem a internet.
Essa conexão digital, muitas vezes, é apenas classificada por suas atividades de entretenimento, informação e comunicação. Porém, ela oferece acessos bem mais complexos que isso, como contas bancárias, transações financeiras de profissionais autônomos, empresas e governos, documentos de identificação, serviços públicos essenciais, entre outros.
Por isso, é cada vez mais rápida a evolução e a necessidade de um mundo mais inclusivo, participativo e leal na internet. E é bem no meio desta transição – Web 2.0 para Web 3.0 – que você, sua empresa e todo o mercado está vivendo. A dúvida agora é: Como se adaptar às mudanças?
Conectados à Web 2.0
Antes de traçar como o mercado está se posicionando em relação à Web 3.0, é importante destacar as diferenças entre ambas as tecnologias. No caso, vivemos e operamos, majoritariamente, na Web 2.0. Inerente desde o início do século XXI, essa fase da internet é caracterizada por sua interatividade.
Para se ter uma ideia, antigamente, os sites eram bastante estáticos, funcionando quase que apenas para leitura de informações. Não à toa, os jornais foram um dos setores que “iniciaram” o processo de digitalização. Entretanto, a Web 2.0 passou a desempenhar um papel importante de trazer para perto a participação do usuário.
Com isso, as redes sociais, como Facebook, Twitter, Instagram e TikTok surgiram, criando um ambiente em que os internautas deixaram de ser meros espectadores para se tornarem também produtores de conteúdo. O acesso a informações e outros serviços ficaram muito mais simplificados com o surgimento da banda larga e a expansão da tecnologia 3G, com streaming de áudio e vídeo cada vez mais difundido na sociedade.
Essa nova era da internet, então, mudou não só a forma como as pessoas se relacionam com todos esses conteúdos, mas principalmente afetou diretamente a estratégia das empresas, seja a partir de redes sociais ativas, ações digitais ou até a contratação de influenciadores específicos para alavancar seus produtos e posicionamentos.
Os primeiros passos na Web 3.0
Bom, se a internet já se tornou esse ambiente fundamental e democrático, quais novidades estão por vir? De fato, pode parecer que não há espaço para novos desenvolvimentos, mas, sim, a Web 3.0 chega para solucionar uma série de problemas que, hoje, estão presentes no modelo de internet atual, como você pode acompanhar a seguir:
Descentralização: Ao contrário da Web 2.0, que é centralizada em torno de grandes plataformas e servidores, a Web 3.0 busca uma abordagem descentralizada, em que os usuários têm mais controle sobre seus próprios dados e interações.
Web Semântica: A Web 3.0 é frequentemente chamada de “web semântica” porque se esforça para entender o contexto e o significado dos dados, em vez de apenas os números crus. Isso permite uma busca mais inteligente e personalizada para cada internauta e empresa.
Contratos Inteligentes: São programas autoexecutáveis que operam em blockchains com as partes envolvidas e condições diretamente escritas em linhas de código. Eles permitem transações confiáveis e automatizadas sem a necessidade de intermediários.
Criptomoedas e blockchain: A tecnologia blockchain é um dos pilares da Web 3.0, permitindo transações seguras, transparentes e descentralizadas. Enquanto isso, as criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, poderiam funcionar como a moeda oficial dessa nova era da internet.
Conectividade: A Web 3.0 visa uma conectividade onipresente, onde todos os dispositivos e sistemas estão interconectados, desde smartphones até eletrodomésticos. Algo semelhante ao que a IoT (Internet das Coisas) oferece.
Computação em Nuvem: A capacidade de armazenar e processar informações em servidores remotos, permitindo acesso e colaboração em tempo real de qualquer lugar.
Inteligência Artificial (IA) e machine learning: A IA desempenha um papel crucial na Web 3.0, permitindo a criação de sistemas que podem aprender, adaptar-se e responder de forma autônoma ao que o usuário precisa.
Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR): Estas tecnologias oferecem experiências imersivas e interativas, permitindo novas formas de interação e comunicação na web.
Personalização avançada: Com base em IA e análise de dados, a Web 3.0 pode oferecer experiências altamente personalizadas para os usuários, adaptando-se às suas preferências e comportamentos.
Interoperabilidade: A capacidade de diferentes sistemas e redes se comunicarem e trabalharem juntos, permitindo uma integração mais fluida entre plataformas e aplicativos.
Privacidade e controle de dados: Na Web 3.0, os usuários têm mais controle e responsabilidade sobre seus próprios dados, com ênfase na privacidade e na segurança.
Web 3.0 para empresas
São muitas as novidades que a Web 3.0 está trazendo. E obviamente nem tudo está aplicado ou difundido. Entretanto, ela já é uma realidade e vai mudar diretamente o comportamento das pessoas em relação à conectividade e experiências, assim como exigir um empenho diferenciado das empresas no futuro. Afinal, não só os internautas estão sendo beneficiados deste processo de evolução, mas o setor empresarial também!
Descentralização: A redução de custos, velocidade de processamento e eficiência são três dos tópicos principais que a descentralização vai oferecer às empresas. Afinal, com a Web 3.0, as companhias podem operar em uma plataforma descentralizada, eliminando a necessidade de intermediários. Assim, validações e documentos podem ser facilmente obtidos, enquanto falhas humanas são extremamente mitigadas. Ao mesmo tempo, a redução com mão de obra e armazenamento também se torna ainda menor.
Blockchain: A partir da adoção da blockchain, muitas empresas querem melhorar a transparência, rastreabilidade e segurança de suas operações. Neste caso, é possível dar mais legitimidade de que determinado produto é, sim, verdadeiro, ou, então, garantir que toda a cadeia produtiva escolhida pela companhia é ambientalmente sustentável.
Criptoativos: Com o Brasil na 9ª colocação dos países que mais utilizam criptomoedas, o uso de criptoativos agiliza, desburocratiza e torna mais barato os pagamentos e recebimentos nacionais e, principalmente, os internacionais. Além disso, é possível tokenizar ativos, ações ou qualquer outra coisa que possa levar à captação de recursos ou promover acessibilidade ao público.
Metaverso: Lembra que falamos sobre “experiências”? É isso que o Metaverso quer oferecer. Este mundo virtual é responsável por levar uma interatividade digital que não é possível nos dias de hoje, criando ambientes “reais” de socialização, consumo e entretenimento.
Inteligência Artificial: Se na Web 2.0 os internautas já estão exigentes, com as Web 3.0 a necessidade por produtos verdadeiramente de qualidade e experiências relevantes será ainda maior. Por isso, a inteligência artificial já está sendo usada para melhorar a interatividade dos clientes, otimizar operações e, principalmente, fornecer insights valiosos para as empresas sobre quem são, como agem e o que querem seus consumidores.
Empresas que já estão na Web 3.0
Apesar de estar nos trilhos do desenvolvimento, a Web 3.0 não é uma tecnologia a ser produzida. Ela, de fato, já está operando entre usuários e, por isso, empresas estão aplicando recursos para desenvolver suas próprias plataformas ou até mesmo conseguir se adaptar a este novo contexto.
Facebook (Meta): Dona de Facebook, WhatsApp e Instagram, o nome Meta foi concebido justamente para mostrar ao mundo que a empresa estava orientada para entrar de cabeça no Metaverso. Com quase 3 bilhões de usuários em suas redes sociais, segundo dados da Statista, o grupo pretende ampliar ainda mais a experiência dos usuários dentro de suas plataformas, seja na interatividade ou no consumo.
NBA: A adoção da tecnologia blockchain tem sido amplamente difundida dentro do esporte. Diversas ligas estão cada vez mais participando deste mercado, como é o caso do maior campeonato de basquete do mundo: NBA. A partir de sua plataforma Top Shot, a detentora dos direitos de imagem distribui e comercializa NFTs exclusivos com highlights da roda e lances históricos da competição. Desde seu lançamento, em 2021, a NBA já arrecadou mais de US$ 1 bilhão.
Nike: Também dentro do mundo dos NFTs, a Nike está empenhada em criar versões digitais de seus tênis e roupas para que os usuários possam utilizar os acessórios da marca também no mundo digital, a partir de diversos Metaversos.
Tencent: Dona da WeChat – e do TikTok –, o conglomerado tecnológico TenCent aplicou a tecnologia blockchain para acelerar e reduzir custos a empresas chinesas. Segundo a companhia, produtos do país conseguiram passar pelo processo aduaneiro até 50% mais rápido.
Walmart: Uma das redes mais famosas do mundo, o Walmart está utilizando a blockchain para realizar o rastreio da cadeia de suprimentos de 1,5 mil produtos alimentícios, originários de 70 fornecedores. Assim, é possível identificar deterioração, contaminação ou outro evento que torne o consumo menos favorável ao cliente.
É hora de adapta
Quando falamos da transição da Web 2.0 para a Web 3,0, não tratamos mais de “se” ou “quando”. A realidade é que fazer o básico, o “copy and paste” ou até mesmo seguir o mainstream vão deixar, pouco a pouco, de ser atrativo. É por isso que as marcas estão correndo para se adaptar o quanto antes. Assim, elas podem participar do desenvolvimento da nova era da internet e, quando ela estiver consolidada, ser um dos líderes desta mudança.
Os modelos de negócios oferecidos pela Web 3,0 são vastos e, surpreendentemente ou não, ela consegue abranger os mais diversos setores da nossa economia. Seja a partir de uma experiência diferenciada, um item exclusivo, facilitação de acesso ou autonomia e segurança, os clientes estão cansados da mesmice e procuram por uma relação verdadeira com as empresas e que vá de encontro com seus valores. E isso só é possível com a Web 3.0.