Nas últimas décadas, o grande desafio dos Bancos Centrais foi encontrar um equilíbrio entre inflação, incentivo econômico e mercado de trabalho. Essa disputa é tão acirrada, que esses momentos de ruptura – ou crise – estão ficando cada vez mais frequentes e com uma regularidade menor entre elas.
Fato é que ainda não existe uma solução específica para isso. Entretanto, para o Banco Central do Brasil, o Drex, apoiado na tecnologia das criptomoedas e tokenização, pode oferecer um ambiente bem mais simplificado e orientado ao corte de juros. Um tema complexo, mas que vale muito discutirmos no Radar 3.0 desta quarta-feira!
O trilho dos juros altos
Em uma perspectiva macroeconômica, oferecer crédito é uma ótima maneira de incentivar o desenvolvimento econômico. A partir dele, é possível realizar investimentos e expansões corporativas, novas contratações, aumentos salariais e consumo.
Por outro lado, se o aquecimento for exacerbado, o país pode ver sua inflação aumentar. Afinal, há muito mais dinheiro em circulação do que anteriormente. Isso gera a sensação de que os produtos estão mais caros quando, na verdade, apenas a moeda que está valendo menos.
Esses dois lados: incentivo econômico e inflação apresentam uma linha muito tênue que pode ser desequilibrada a qualquer momento. E a solução para o “equilíbrio” é a política monetária, normalmente pautada pelo aumento ou corte de juros.
Em busca do equilíbrio
Neste cenário de busca por equilíbrio entre inflação e juros, alguns Bancos Centrais se destacam. Não por ter alguma política monetária arrojada, mas, sim, pelo impacto que ela pode oferecer à economia global.
Por isso, o mundo todo está de olho nos movimentos do Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos. Uma flexibilização ou aperto nos juros por lá pode ajudar a alavancar ou reduzir a perspectiva de desenvolvimento de empresas e países. Afinal, o crédito global, pelo menos hoje, é praticamente todo em dólar.
Decisões norte-americanas
Com a pandemia da Covid-19 nos Estados Unidos, o Federal Reserve foi claro na sua política monetária. A proposta foi manter os juros reduzidos e oferecer auxílio às famílias que perderam seus empregos ou estavam em vulnerabilidade socioeconômica.
Com a produção reduzida em todo o mundo, como forma de conter o avanço do vírus, produtos que antes eram abundantes no mercado se tornaram escassos, fazendo com que seus preços subissem rapidamente.
Já que não era possível movimentar a cadeia de suprimentos, a decisão mais rápida e eficiente foi, então, elevar a taxa básica de juros no país.
Em uma faixa entre 5,25% e 5,50%, vimos um mercado derreter no início desta semana. O motivo é um receio crescente de que o FED tenha mantido uma política restritiva demais, por muito tempo, podendo levar o país a uma recessão.
Um passado não tão distante
Cada vez mais um corte de juros é iminente nos Estados Unidos. Porém, as autoridades estão seguindo uma postura bastante cautelosa. Afinal, a inflação local está atualmente em 3,0%. Um ponto percentual a mais do que a meta de 2,0%. Vale lembrar ainda que o país vive um processo eleitoral à presidência, que deve ser concluído em novembro deste ano.
Porém, a tendência é de um corte de juros! Isso é visto não só no discurso dos próprios formuladores de política monetária, mas também nas apostas e apelos dos economistas e parte do mercado.
Mas essa é uma história já contada.
Na crise imobiliária de 2008, por exemplo, os Estados Unidos iniciaram um programa de corte de juros, que terminou com uma taxa de 0% a 0,25%. Tudo isso para equilibrar o desenvolvimento econômico – e assim evitar uma recessão.
Fim dos juros negativos
Mas não é só os Estados Unidos que estão em disputa para controlar sua inflação. O Banco Central Europeu apresentava um cenário muito parecido, mas com dados macroeconômicos mais claros. Ou seja, a inflação estava caindo, enquanto a economia se mostrava fraca… Isso levou o bloco a realizar um corte de juros já este ano.
Na contramão, o Japão, presente entre as maiores economias do mundo, não viu outra saída, senão apertar os juros recentemente.
O país era um dos pouquíssimos que aplicava a política de juros negativos. Ou seja, as empresas precisavam pagar uma taxa para manter suas economias “paradas”. A proposta, com isso, era justamente estimular o consumo, contratações e desenvolvimentos.
Porém, a história mudou de figura, com a economia japonesa ficando cada vez mais reprimida e a inflação subindo. Assim, em 2024, o governo decidiu fazer dois aumentos de juros que, hoje, estão na casa de 0,25%.
SELIC estagnada
No Brasil, o corte de juros começou ainda em 2023. Com a inflação mais controlada por aqui, o Banco Central decidiu abandonar os 13,75% ao ano, com uma redução de 0,50%. A sequência de flexibilização, porém, encontrou um limite, que marca hoje os 10,50%.
Neste caso, há pouca ancoragem, na visão do Banco Central, para que o equilíbrio entre inflação e desenvolvimento econômico seja mantido, caso novos cortes sejam feitos.
De fato, os dados por aqui são conflitantes em alguns cenários e apresentam certa volatilidade. Ainda mais com a economia brasileira sendo fortemente impactada por questões fiscais internas e também a valorização forte do dólar recentemente.
Drex é a solução
É neste momento que a tecnologia das criptomoedas entra como uma arma contra a política monetária mais restritiva.
Fabio Araujo, coordenador do desenvolvimento do Drex, destacou que o token brasileiro tem potencial para tornar o processo de corte de juros muito mais eficiente do que está sendo feito atualmente.
Vale fazer um disclaimer aqui de que, além do equilíbrio entre inflação e desenvolvimento econômico, um juro mais baixo depende da confiança e capacidade de quitação por parte de pessoas e empresas.
E é por isso que o Drex pode apresentar um caminho diferente na política monetária.
Afinal, a tecnologia permite tokenizar títulos públicos para facilitar o processo de empréstimos e, assim, reduzir seus custos. É quase como emprestar dinheiro ao governo, não a uma pessoa desconhecida.
Nas palavras de Araújo, “se eu pegar um título público federal e der em garantia, é como se estivesse emprestando o dinheiro para o governo, e não para uma pessoa que eu não conheço o histórico de crédito. Então os juros tendem a cair muito nessa situação”.
A tendência, com essa mudança de paradigma, é que até as fintechs e startups tenham um acesso mais amplo ao crédito e sistema financeiro como um todo.
“Se você falar que os bancos não vão querer fazer [esse tipo de operação] no ambiente descentralizado que a gente está criando, se nenhuma instituição tradicional quiser fazer, vai aparecer uma startup que vai lá e faz”, explicou o coordenador.
Por uma nova economia
Ao olhar para a situação global – e do próprio Brasil –, o Drex se mostra uma ferramenta bastante eficiente no combate aos juros elevados e à inadimplência.
Isso é o trilho ideal para que um país possa gerar oportunidades diferentes de renda, desenvolvimento e consumo.
A aposta do Banco Central brasileiro em criar seu próprio token ainda vai abrir portas para muitos outros produtos financeiros. E estes não só vão tornar nossa economia mais resiliente, mas, principalmente, acessível, barata e transparente.
E muitas dessas soluções já estão disponíveis para pessoas físicas e jurídicas aqui na Foxbit Business, como pagamentos com criptomoedas, tokenização de ativos e soluções crypto-as-a-service.
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