Nos últimos anos, a introdução de tecnologia de ponta foi fundamental para alterar a forma como os brasileiros consomem, pagam por produtos e serviços e realizam movimentações de valores. No entanto, as novas ferramentas possibilitam desenvolver modelos de negócios inovadores, estruturados com mais segurança e de forma independente. É o caso da criptoeconomia.
Por definição, a criptoeconomia propõe muito mais que mudanças pontuais no sistema financeiro tradicional. Este conceito reúne aspectos da ciência da computação e criptografia em um escopo de estudos que têm teoria dos jogos, design de mecanismo, interferência causal, engenharia de token e engenharia de segurança da informação.
Dessa forma, é possível criar novos mercados a partir das criptomoedas como bitcoin e ethereum, do uso da rede blockchain, da implementação das NFTs (non-fungible tokens), dos games e também do metaverso.
A base para o funcionamento desse ecossistema é a blockchain, uma tecnologia que funciona como um grande livro contábil público de forma descentralizada, o que quer dizer que não há o controle de órgãos reguladores como o Banco Central ou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dessa forma, esse modelo consegue manter certa distância de interferências políticas e das oscilações da economia tradicional.
Atualmente, bares, restaurantes e redes de varejo começam a aceitar bitcoins, a principal criptomoeda disponível, como forma de pagamento por seus produtos e serviços. Segundo a plataforma Cointrader Monitor, a movimentação de bitcoins nas exchanges brasileiras superou os R$ 2,8 bilhões em outubro de 2022. Hoje, o valor de mercado do bitcoin é de US$ 324 bilhões, de acordo com o Yahoo Finance.
Criptoeconomia e seus diversos nichos
Vale ressaltar que quando falamos de criptoeconomia, é necessário pensar em uma forma bastante ampla de investir, interagir com outras pessoas, participar de grupos exclusivos ou mesmo consumir entretenimento.
Para isso, a descentralização das informações via blockchain é um pilar estrutural e bastante eficaz do ponto de vista da segurança. Constam ali todas as informações de vendedores e compradores de criptoativos, assim como o dia e a hora em que as transações acontecem. Os códigos matemáticos desta tecnologia fazem com que eventuais alterações sejam submetidas às regras preestabelecidas pelos usuários da rede – um mecanismo que ajuda a manter potenciais invasores distantes.
Nesta nova economia, os diferentes modelos estão interligados. A blockchain é utilizada como base para o funcionamento dos NFTs, como as obras de arte digitais da Bored Ape Yacht Club, por exemplo. Os donos, nomes como Neymar, Justin Bieber, Snoop Dogg e Post Malone, podem tanto desenvolver novas artes como participar de eventos e lançamentos de outras coleções.
Mas a tokenização da economia vai mais adiante. Além de serem empregados para viabilizar pagamentos e a segurança de operações financeiras da economia real, os tokens são usados no mercado imobiliário, viabilizando a compra de imóveis total ou de forma fracionada sem a existência de intermediários e a necessidade de entrar em financiamentos. A eliminação de burocracias e os custos consideravelmente baixos fazem deste um negócio atrativo.
Metaverso e games
Quando falamos sobre novas formas de consumo é muito difícil deixar de fora o metaverso. Não é segredo que essa realidade que combina os mundos físico e digital tenha ganhado força desde que a holding dona do Facebook passou a se chamar Meta, em outubro de 2021, e a investir mais no tema.
O metaverso significa imersão em um novo ambiente, mais proximidade das empresas com seus consumidores e o acesso a produtos. Diversas marcas já criaram seus espaços no mundo virtual do game Roblox, como Forever 21, Nike, Ralph Lauren e Vans. Com a compra de NFTs, os jogadores podem customizar seus próprios itens.
No mesmo sentido, marcas como Coca-Cola, Samsung, Balenciaga e as Lojas Renner desenvolveram ações no Fortnite, game que teve, ainda, shows de cantores como Emicida, Travis Scott, J Balvin, Ariana Grande e DJ Marshmello. Não se trata de apresentações simplesmente digitalizadas, mas shows em uma realidade imersiva.
Segundo o banco norte-americano Morgan Stanley, os jogos no metaverso e as NFTs podem representar uma oportunidade de € 50 bilhões até 2030. No mesmo período, o metaverso sozinho deve crescer cerca de US$ 300 bilhões.