Na economia tradicional, é comum de tempos em tempos que os juros de um país permaneçam em um patamar elevado enquanto a sua moeda está desvalorizada. Ou o inverso: ter uma moeda desvalorizada ao passo que os juros estão baixos. Os ciclos econômicos também valem para outros aspectos de uma economia, como os valores de commodities (café, soja e minério de ferro), ações em bolsa e investimentos. Com as criptomoedas, não é diferente. Entenda mais sobre o tema a seguir.
Ciclos no mercado cripto: como funcionam?
Em 2022, o bitcoin (BTC) registrou queda em torno de 70% do seu valor de mercado, saindo do patamar próximo dos US$ 47 mil para em torno de US$ 15 mil. Por consequência, esse movimento afetou as demais criptomoedas, como o ether (ETH), e assustou os investidores mais novatos no setor.
Embora funcionem em blockchain de forma descentralizada, ou seja, sem o controle ou a influência de intermediários, como bancos centrais ou instituições financeiras, as moedas digitais não estão totalmente imunes ao cenário macroeconômico global. Com a instabilidade em diferentes países, muitos investidores passaram a dar preferência a opções de investimentos mais estáveis, como a renda fixa.
Entretanto, um ponto fundamental é que as criptomoedas também vivem de ciclos. No caso do bitcoin (BTC), o principal ativo digital do mercado, o fator mais determinante é o halving. Da palavra “half” (metade, em inglês), o halving costuma ocorrer de quatro em quatro anos, sendo responsável por reduzir pela metade a recompensa aos mineradores. Como principal consequência, essa redução, no médio prazo, tende a diminuir o volume do ativo em circulação.
Aqui, vale uma breve explicação. Para validar a entrada de novas criptomoedas em circulação, os “mineradores” (as pessoas responsáveis por realizar o processo) recebem bitcoins (BTC) como recompensas em troca do uso de computadores e inclusão das operações na rede blockchain. É dessa forma que os ativos digitais são “impressos” ou criados. No caso do BTC, o limite máximo de emissão são 21 milhões de unidades.
O halving, então, tem como objetivo controlar o valor de mercado da criptomoeda. Como os diferentes produtos na economia, a relação entre a oferta e demanda é importante. Dessa forma, com a redução da disponibilidade do BTC, é possível controlar o seu preço e manter o ativo valorizado a longo prazo.
Ciclos das criptomoedas: próximo halving à vista
Se desde o ano passado o segmento vive o que ficou conhecido como o “inverno cripto”, com os ativos digitais registrando perdas expressivas, há também o “verão cripto”, período que sucede o inverno, quando as criptomoedas costumam alcançar seus patamares mais elevados.
Foi assim em 2017, após o halving no ano anterior, e em 2021, quando o bitcoin (BTC) se aproximou dos US$ 70 mil. Há, ainda, a “primavera cripto”, quando os preços começam a ser corrigidos para cima, e o “outono cripto”, o início da perda de valor do ativo.
O próximo halving já tem data para acontecer: será em maio de 2024. A expectativa cresce para o evento, principalmente após a criptomoeda de referência ter registrado uma alta de 39% em janeiro, se aproximando de US$ 23 mil. A recuperação de US$ 280 bilhões em valor de mercado também favoreceu o sentimento de otimismo dos investidores para o halving.
Entre os analistas, ainda há dúvidas sobre quando começa o próximo “verão cripto” – se ainda em 2024 ou depois de finalizado o halving. O estrategista sênior de commodities da Bloomberg, Mike McGlone, diz que a moeda pode estar se preparando para o seu próximo ciclo de alta. Já há quem preveja o patamar de US$ 63 mil no futuro.