Blockchain é uma das ferramentas mais revolucionárias dos últimos anos. Seu uso, inclusive, não fica restrito às criptomoedas, podendo ser aplicada em diversas soluções corporativas e segmentares.
Neste caso, a tecnologia pode ser uma grande aliada no combate à falsificação de ouro no Brasil, que, segundo estudos, corresponde a mais da metade da produção nacional da pedra preciosa.
Desta forma, os diversos tipos de negócios podem se beneficiar da blockchain, como no rastreio e registro de informações, na geração de autenticidade e garantia de origem de processos e produtos.
Blockchain contra falsificação
A blockchain é uma ferramenta responsável por registrar, verificar e armazenar diversos tipos de informações.
Para isso acontecer de forma automatizada, autenticada, garantida e sem chance de fraudes, a tecnologia oferece algumas características fundamentais, como:
– Backup
– Rastreabilidade
– Imutabilidade
– Consenso
Esse conjunto de critérios faz com que todas as informações presentes na blockchain sejam rastreáveis, imutáveis e verdadeiras.
Assim, ao pensar no combate à falsificação do ouro ou promover garantia de origem a outro produto, a blockchain é capaz de fazer todo o rastreio da cadeia de produção ou suprimentos até o consumidor final.
Tudo isso fica ainda acessível ao cliente, que pode confirmar e verificar que, de fato, o produto adquirido é legítimo e foi produzido em linha com o apresentado pela empresa.
No passado, a Nike lançou uma linha exclusiva e limitada de um de seus tênis, na Austrália. Com receio de falsificação, a empresa utilizou a blockchain para garantir a legitimidade e autenticidade do produto ao cliente final.
Como a blockchain garante as informações
Todo esse poder da blockchain oferece muito mais segurança e abre uma perspectiva ampla sobre como as empresas podem dar mais valor a seus produtos e marcas.
Saiba mais: O que é blockchain?
Esse processo é todo automatizado e passa por etapas importantes, que mostram como a blockchain analisa e valida o registro de informações.
Blockchain do Bitcoin
O exemplo mais tradicional para uso da blockchain está na transação de Bitcoin (BTC), sendo este um bom ponto de partida.
Vamos pensar em um cenário, onde o usuário X quer enviar 0,5 BTC ao usuário Y.
Para essa operação ocorrer, os computadores conectados à blockchain possuem uma cópia com o histórico completo (Backup) de todas as transações já realizadas na plataforma.
Após a solicitação das transações entre usuários, a rede, então, consegue acessar todos os dados da carteira de origem (Rastreabilidade) para garantir não só sua existência, mas também o saldo necessário para completar a operação.
Caso os dados estejam corretos, em uma primeira varredura de um único minerador, é preciso que os outros operadores da rede confirmem (Consenso) a informação até que a maioria dos participantes da blockchain concordem e aprovem com essa transação.
A partir do momento em que todas as informações são validadas pela rede, a operação é realizada e gravada na blockchain (Imutabilidade), sendo impossível de ser alterada, graças ao selo criptográfico colocado em cada bloco de dados.
Desta forma, todas as transações de Bitcoin registradas na rede estão acessíveis e públicas, impossíveis de serem corrompidas e garantidas por todos os mineradores desta blockchain, sem qualquer risco de fraude.
Blockchain no rastreio de suprimentos
Ao observar o funcionamento da blockchain na transação de Bitcoin, temos um bom modelo de como o rastreio de suprimentos ou produção é garantido pela tecnologia.
Vamos imaginar a solução sendo aplicada ao próprio ouro.
Neste caso, os garimpeiros registram informações de onde, como e quando as pepitas foram coletadas, seguindo uma série de parâmetros técnicos específicos da rede que vão garantir a inserção de dados.
Essas informações são verificadas e, caso corretas, adicionadas à blockchain.
A partir disso, as condições de armazenamento e seu manuseio também podem ser inseridos, garantindo o local em que as pedras estão, qual a temperatura do ambiente, e o período em que estão guardadas.
Em uma etapa mais avançada, é possível rastrear o transporte ao cliente final ou até a um intermediário que, por exemplo, irá utilizar o material em sua própria cadeia de produção para a fabricação de outro bem.
Cada uma das etapas apresentadas aqui mostram que a blockchain cria setores em que é impossível burlar a informação ou tentar mudar ela no decorrer do processo.
Esse rastreio, portanto, cria garantias de que todos os dados são verdadeiros, já que informações falsas e que não acompanhem a cadeia completa não atingem o consenso e são descartadas pela rede.
Ouro falso no Brasil
O levantamento do Instituto Escolhas apontou que, em 2021, 54% da produção nacional de ouro (52,8 toneladas) apresentava indícios de ilegalidade.
Segundo o documento, é possível identificar a origem da pedra, mas é muito difícil saber para onde elas estão sendo enviadas e manipuladas.
Para solucionar o problema, a própria coordenadora da pesquisa, Larissa Rodrigues, sugeriu o uso da tecnologia blockchain, já aplicada em outros setores da cadeia de suprimentos.
Leia também: Blockchain para negócios
“Um sistema como esse, digital, de coordenação de órgãos, já existe para a madeira, para a carne, em certa medida… Esses produtos, antigamente, também tinham muita ilegalidade e, aí, por pressão dos mercados, o governo começou a controlar como não se controlava antes… O que a gente tem para o ouro é mais ou menos o que a gente tinha na cadeira do couro, da cana, 20 anos atrás”, comentou Larissa, em trecho destacado pela InfoMoney.
Blockchain além das criptomoedas
Embora a aplicação mais conhecida da blockchain seja para a validação de transações de criptomoedas e criação de NFTs (tokens não fungíveis), a tecnologia possui ainda um grande potencial para aprimorar e reduzir custos dos métodos de fabricação e cadeia de suprimentos, assim como automatizar e desburocratizar processos cotidianos.
Esse potencial ainda é bastante estudado, já que há poucos profissionais especializados no mercado com domínio técnico adequado sobre a ferramenta e seus possíveis usos.
Mesmo assim, é inegável que grandes empresas, como IBM, Meta, Allianz, Adobe, Boeing, entre outras, já inseriram a blockchain em seus produtos e serviços de alguma forma.
A revolução, além de financeira, é tecnológica, e a blockchain está aí para trazer uma nova perspectiva sobre o mundo dos negócios.