Blockchain: Levantamento de mercado mostra onde tecnologia está sendo usada
O mercado de criptomoedas tem uma narrativa muito forte de o quanto a blockchain é incrível e tem um uso bastante amplo. Mas essa fala acaba muitas vezes ficando vazia, já que nem sempre acompanham dados ou experiência práticas desta implementação. Então, a proposta do Radar 3.0 desta semana é justamente passar um pente fino de onde e como a blockchain está sendo utilizada nos diferentes setores econômicos.
Mas antes mesmo de iniciar este artigo, vale a pena fazer um disclaimer. A começar de que, sim, a blockchain pode ser usada em qualquer lugar. Porém, nem sempre ela será eficiente em determinadas situações e segmentos. Mas isso a gente vai discutir juntos ao longo do texto!
Blockchain no setor financeiro
Esta talvez seja a aplicação mais conhecida da blockchain. E nem estamos falando necessariamente sobre o Bitcoin. Mas podemos citar desde as stablecoins, que digitalizaram moedas fiduciárias, até as finanças descentralizadas (DeFi), que passaram a permitir que os próprios usuários chegassem a acordos para oferecer serviços financeiros, como empréstimos e aplicações.
Porém, isso vai muito além. Como aponta o relatório “Blockchain Use Cases and Adoption Report”, do Cointelegraph, basicamente tudo o que mexe com dinheiro pode se beneficiar desta tecnologia. Ou seja, bancos, seguradoras, empresas de crédito, fundos de gestão e por aí vai.
E este segmento está vindo com tudo, apresentando uma taxa composta de crescimento anual de 6,8%. Sabe como? Pagamentos e serviços financeiros digitais. Não à toa, fintechs têm surgido quase a cada esquina (embora um pouco menos hoje).
De acordo com o relatório, o Target Addressable Market (TAM) – oportunidade de receitas em cada setor – tinha como grande alvo financeiro os fundos e gerenciadoras de ativos. Isso pode dar a falsa percepção de que a tecnologia está enraizada em uma característica de investimentos.
Porém, como os próprios dados mostram, seguradoras, empresas de pagamento e e-commerce apresentavam um capital gigantesco a ser absorvido pela tecnologia. E, na prática, foram esses outros setores que mais abraçaram a ideia da blockchain.
A blockchain ainda tem muito o que avançar neste cenário. Mas, para 2025, as projeções permanecem bastante positivas, colocando a adoção da tecnologia em patamares bem mais elevados em cada um dos setores observados pelo report.
Securitização e pagamentos
Para não deixar nenhuma ponta sem nó, vale a gente aprofundar um pouquinho sobre os dados presentes em dois importantes setores da economia global. Começando pela securitização.
É mais do que batido que os ETFs de Bitcoin à vista dos Estados Unidos foram um grande sucesso. Não à toa, a BlackRock já está esticando seus braços não só para emplacar um fundo também de Ethereum, como ainda planejando criar novos fundos tokenizados. Ou seja, baseados em tokens emitidos em uma blockchain.
Lembra da digitalização de serviços financeiros? Pois é! Entre eles, podemos citar facilmente os meios de pagamentos. Como o relatório Cryptocurrency Payments Report, também do Cointelegraph, sinalizou, existem pelo menos 30 mil comerciantes aceitando criptomoedas por seus produtos e serviços ao redor do mundo.
Outro dado do documento “Paying with Cryptocurrency”, produzido pela PYMNTS, 85% das empresas que registram uma entrada de pelo menos US$ 1 bilhão já estavam estudando a adoção de criptomoedas como meio de pagamento. No Brasil, existe uma predominância desta forma de uso dos ativos digitais na região sudeste.
Fonte: Coinmap.org
Fonte: Coinmap.org
Apesar de relativamente semelhantes, vemos que a adoção de criptomoedas como meio de pagamento aumentou bastante entre o fim do último bull-market (2021) e o momento cripto/político/econômico atual. Provavelmente, potencializado por um conhecimento maior sobre esta classe de ativos, a ampliação de tecnologia e, claro, o marco regulatório das criptomoedas por aqui.
Essa perspectiva positiva também vale para a securitização de ativos por parte das casas de investimentos. Os títulos do tesouro norte-americano que, hoje, estão em formato de tokens, por exemplo, somaram mais de US$ 42 bilhões no último ano. E isso é facilmente observado nos tipos de produtos que as empresas mais querem tokenizar.
Neste Block-horário e no mesmo Block-canal
Se tem uma indústria que cresce com força e constância no mundo é a de entretenimento. De plataformas de streaming, músicas e vídeos até videogames e esportes eletrônicos, o capital movimentado pelas empresas deste setor é gigantesco.
E o que você mais vê as empresas fazendo hoje? Liberam o serviço gratuito, mas, adicionam propagandas. Muitas propagandas. E você até pode pular aqueles cinco segundos de vídeo no YouTube, mas muitos outros clicam e consomem essas marcas. Ainda mais se bem posicionadas naquele vídeo e público.
Não à toa, só o setor de “Advertising” gerou uma receita de US$ 321 bilhões em 2022. E se acha muito, pense que as projeções para 2025 são de que este volume cresça para US$ 464,4 bilhões. E a blockchain tende a ficar com 13,1% deste mercado, ou seja, cerca de US$ 196 milhões.
E isso tem um enorme porquê. Afinal, o setor de propaganda, hoje, tem graves problemas, entre eles: falta de transparência, conteúdos mal distribuídos ou até mesmo fraudulentos. Sim, aquela propaganda fake, muitas vezes feita com inteligência artificial.
E como mostra a imagem acima, a blockchain consegue trazer não só mais fluidez e personalização aos anúncios, como também garante a segurança das informações dos usuários e das próprias empresas. Em meio a tudo isso, cria-se uma indústria muito mais justa, já que a menos intermediários para lidar entre companhias e prestadoras de serviços de publicidade.
It’s show-time
Outro importante setor de entretenimento é o de eventos. Sabe aquele show, partida de futebol, corrida automobilística ou até mesmo congressos especializados em que você precisa desembolsar um alto valor para participar? De fato é alto mesmo! Só em 2022, a área online de eventos movimentou mais de US$ 151 bilhões. As projeções colocam o setor próximo dos US$ 175 bilhões em 2025.
Apesar de todo o apelo, a parte de eventos apresenta enormes problemas. Não precisamos ir longe para lembrar como os shows da Taylor Swift no Brasil geraram “filas digitais” gigantescas, impedindo muitas pessoas de comprarem seus ingressos.
Afinal, havia toneladas de robôs que tentavam furar a fila e conseguir acesso aos tickets para comprá-los e vendê-los depois por um preço muito mais alto, seguindo a lei da oferta e demanda. Os “cambistas digitais”, então, estão trazendo muita dor de cabeça, que a tokenização pode curar.
Com o uso da blockchain, os ingressos podem ser tokenizados. A partir dos smart contracts, as cláusulas impedem que o ingresso possa ser transferido para outra pessoa, o que garante um ambiente muito mais justo e acessível aos fãs que, de fato, querem apenas comprar o ticket para aproveitar o evento.
Gerenciamento de dados
Se você não sabe o quanto informação é importante no mundo dos negócios, talvez seja bom se atentar a isso. Desde dados sensíveis a dados de usuários e clientes, todos eles tem um valor tão alto que não só tem empresas especializadas no gerenciamento, mas há leis que tentam proteger as pessoas e companhias contra esses vazamentos. O tal da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), por exemplo.
Considerando, então, toda essa importância, não cabe mais no mundo digital em que vivemos manter todos os dados armazenados em máquinas e serviços inseguros ou sem qualquer tipo de limitação de acesso. Por isso, vemos aqui um mercado altamente aquecido, que movimentou, só em 2022, mais de US$ 83 bilhões.
Porém, os modelos atuais já não conseguem dar as garantias necessárias para as empresas. O que faz com que redes distribuídas, como a blockchain, se tornem o local mais seguro para manter todas e quaisquer informações sensíveis.
Como a imagem a seguir mostra, segurança, imutabilidade, baixo custo e até mesmo a recompensa pelo armazenamento de dados em redes descentralizadas em nuvem mudam a forma como as companhias interagem com dados próprios e dos clientes.
Rastreando o supply-chain
Mais do que “apenas” dados de cadastro e balanços financeiros, a blockchain também promove um ambiente totalmente transparente para o rastreio da cadeia de suprimentos. Isso não só garante a qualidade do produto fabricado, como também é um grande apoio ao branding, principalmente em um momento em que a luta contra mão de obra escrava/precarizada e ações de sustentabilidade é tão exigida por parte das grandes empresas.
A característica imutável das informações dentro de uma blockchain tornam a leitura e auditoria extremamente claras e fáceis de encontrar pontas soltas. Nas prateleiras, o consumidor tem certeza de todo o processo que o produto adquirido passou – da colheita ao armazenamento – dando muito mais confiabilidade aos consumíveis.
Dentro do cenário de “information storage”, a perspectiva é de que a blockchain seja responsável por guardar cerca de 25% de todos os dados corporativos já no próximo ano. Ou seja, uma adoção mais rápida, a partir do momento em que as empresas entenderam o potencial de segurança que a tecnologia oferece.
Meio ambiente, identidade e muito mais
A aplicação da blockchain é praticamente ilimitada. Qualquer setor da economia pode se beneficiar de suas características. Hoje, não é nada difícil encontrar créditos de carbono tokenizados, em que os fundos, digitalizados, se tornam ações protetivas ao meio ambiente. O Grupo Foxbit, por exemplo, tem uma forte parceria com a Moss Carbon, responsável pela emissão deste tipo de token. Algo cada vez mais procurado pelas empresas, que querem compensar seus danos ambientais.
Olhando para um futuro mais justo e prático, a mudança no modo como nos relacionamos com nossas próprias identidades já está mudando. Afinal, um “RG” ou “CPF” emitido em blockchain tem muito mais segurança em relação a quem pode acessar os dados pessoais, assim como permite uma acessibilidade muito menos burocrática por todas as partes que precisam visualizar essas informações.
Então, imagine ir a um médico particular, em uma clínica na Avenida Paulista. Ele poderá ter acesso, por exemplo, a todo seu histórico médico, a partir de uma blockchain, independente de qual outro profissional ou hospital e pronto atendimento você tenha sido atendido.
O mesmo vale, por exemplo, para votações. Em casos de eleições presidenciais, a identidade tokenização garante não só o sigilo do voto, mas também que ninguém, além de você, possa realizar a escolha do candidato na urna. Isso traz segurança e muita credibilidade ao processo eleitoral.
Blocos de soluções
Embora o Bitcoin ainda seja a aplicação mais “popular” da blockchain, é fato que a tecnologia tem uma amplitude extremamente alta, podendo ser facilmente capilarizada – e já atuante – nos diferentes setores da economia global.
Porém, como comentado no início do artigo, nem todas as empresas vão se beneficiar diretamente desta tecnologia. Pelo menos, não em um primeiro momento. Afinal, há situações em que o custo de aplicação talvez não consiga dar o retorno que o empresário gostaria.
Entretanto, há soluções sendo desenvolvidas para isso, principalmente a partir das redes layer-2. Como é o caso da Foxbit Business, que oferece um time de consultores para viabilizar aplicações blockchain no ambiente corporativo, além de possuir soluções próprias e personalizadas aos clientes, como pagamentos com criptomoedas, tokenização de ativos e crypto-as-a-service.
Adotar qualquer uma destas tecnologias pode trazer novos negócios, ampliar o branding e ainda colocar a companhia dentro da nova economia, como boa parte do mundo já está fazendo!