Em 2022, os ativos de renda variável, como ações, fundos de investimento e as criptomoedas, foram bastante penalizados com a instabilidade econômica e os aumentos de juros em todo o mundo. Quando isso acontece, é comum que os investidores passem a alocar seus ativos na renda fixa, considerada mais estável.
Para se ter ideia, o valor de mercado do bitcoin (BTC), a mais importante das moedas digitais, recuou 60% no último ano, para algo em torno de US$ 1 trilhão. Dessa forma, a cotação do BTC teve queda de 64%, para US$ 16,6 mil. No mesmo período, a ethereum (ETH), segunda moeda mais negociada do mercado, fechou com retração de 67,5%, para US$ 1,1 mil.
Entretanto, vale ressaltar que os ativos de renda variável, sobretudo as criptomoedas, vivem de ciclos. Por isso, o pensamento a longo prazo é fundamental, já que o mercado ganha cada vez mais tração e novas iniciativas têm atraído mais investidores. E, ao que tudo indica, muitos já estão com essa visão para um horizonte maior de tempo.
Mesmo com o desempenho abaixo do esperado, a adoção do BTC em carteiras com pelo menos US$ 1 mil apurou alta de 27,5% no ano passado, saindo de 3,40 milhões para 4,20 milhões de usuários, segundo relatório da plataforma CoinGecko. A ETH teve uma performance ainda melhor, com a adesão crescendo 28%, de 1,41 milhão para 1,73 milhão.
“Isso sugere que os participantes do mercado estão acumulando ou mantendo seus investimentos em criptomoedas, o que, por sua vez, sinaliza confiança no futuro do setor. O aumento de endereços também indica potencialmente mais participantes entrando no espaço e impulsionando a adoção de criptomoedas”, diz o CoinGecko.
Saiba mais: Criptoeconomia: como funciona e quais são as oportunidades deste novo modelo
Popularidade das moedas avança
É comum entre os usuários a discussão sobre qual será a criptomoeda do futuro, o bitcoin ou a ethereum.
Neste sentido, o CoinGecko observou que, embora o BTC seja mais popular hoje, a quantidade de endereços com igual ou mais do que 1 ETH avançou 0,6% acima dos endereços que possuem pelo menos menos 0,1 bitcoin. Por outro lado, em termos absolutos, o número de endereços de bitcoin teve crescimento de 910 mil, mais do que o dobro dos 380 mil da ethereum.
Problemas no setor como a quebra da FTX e da Three Arrows Capital não foram suficientes para conter o ímpeto.
Dessa forma, o último trimestre do ano passado foi bastante positivo. Entre outubro e dezembro, o CoinGecko observou que o número de endereços com 0,1 BTC teve alta, em média, de 7,3%. Da mesma forma, os endereços com ao menos 1 ETH registraram crescimento de 7%.
Pouco a pouco, o cenário começa a mudar para as criptomoedas, com os ativos digitais ensaiando uma esperada recuperação. No início de 2023, o bitcoin chegou a registrar crescimento de 40%, ultrapassando os US$ 23 mil. No caso da ethereum, a moeda digital apurou alta de 31,6% em janeiro, para US$ 1.570.
Saiba mais: Smart Contracts: o que são e como funcionam?
Ethereum pode superar o bitcoin
Alguns fatores levam a crer que a rede Ethereum pode superar o Bitcoin em algum momento, conforme alcança o público geral, segundo relatório da Bloomberg Intelligence.
Entre eles, os analistas destacam a atualização da rede, apelidada de Shanghai, marcada para março. Com o processo, o usuário poderá sacar o ether depositado na blockchain durante o processo de validação dos ativos digitais. A expectativa é que a medida resulte em mais demanda no mercado no longo prazo.
Outro ponto destacado pela Bloomberg é o “The Merge”, uma outra atualização na blockchain Ethereum, ocorrida em setembro do ano passado. O processo alterou o mecanismo de consenso do Proof-of-Work (PoW) para Proof-of-Stake (PoS) com o objetivo de reduzir o consumo de energia durante a mineração dos criptoativos.
Assim, será possível melhorar o nível de gastos, elevar a escalabilidade das transações e atuar de forma sustentável. “A trajetória ascendente da taxa cruzada Ethereum/Bitcoin começou em 2019 e mostra poucos sinais de enfraquecimento”, afirmam os analistas da Bloomberg.