China prepara stablecoin em yuan e redesenha a geopolítica monetária. O Brasil está pronto?
A China está prestes a dar um passo estratégico na criptoeconomia mundial: liberar stablecoins lastreadas no yuan, com aplicação inicial em Hong Kong e Xangai e um arcabouço regulatório voltado à supervisão ativa de riscos.
Muito além de inovação financeira, esse movimento é uma jogada geoeconômica. Ao permitir stablecoins em moeda própria, o governo chinês amplia seu raio de influência monetária — e começa a construir uma alternativa real ao dólar dentro da economia tokenizada.
Enquanto isso, o Brasil avança com o Drex, regula criptoativos com marcos claros (CVM 175, PL 4.501/24) e fortalece sua infraestrutura digital com o Pix. Mas a pergunta que se impõe é: estamos preparados para coexistir com moedas digitais soberanas de potências concorrentes?
A estratégia chinesa por trás do yuan digital tokenizado
A proposta do governo chinês de liberar stablecoins lastreadas no yuan, principalmente via Hong Kong, é muito mais do que uma inovação tecnológica. Trata-se de uma peça geopolítica em um jogo de longo prazo para ampliar a influência monetária global da China, num momento em que as moedas digitais começam a redesenhar os fluxos internacionais de capital.
Esse movimento conecta-se diretamente com três objetivos estratégicos:
- Redução da dependência do dólar nas transações internacionais, especialmente entre países do Sul Global.
- Fortalecimento de Hong Kong como hub financeiro digital internacional, mesmo após a crescente interferência política da China continental.
- Integração com a Belt and Road Initiative, na sua vertente digital — a Digital Silk Road — permitindo pagamentos entre países parceiros usando stablecoins em yuan.
Ao utilizar stablecoins públicas e/ou permissionadas, a China contorna os entraves de adoção enfrentados por sua CBDC (o e-CNY), criando um instrumento mais palatável para mercados internacionais, fintechs e plataformas de câmbio.
A ascensão de uma economia digital multipolar
A possível liberação de stablecoins em yuan também desafia o modelo tradicional de hegemonia monetária centralizada em uma só moeda: o dólar.
Se antes o dólar dominava os mercados emergentes via sistema bancário e acordos de swap, hoje as moedas digitais estáveis e tokenizadas possibilitam a emergência de uma arquitetura monetária multipolar, baseada em blocos econômicos e interoperabilidade blockchain.
A economia digital caminha para uma nova arquitetura:
- Stablecoins privadas (como USDT e USDC);
- Stablecoins soberanas (como a proposta chinesa);
- CBDCs públicas (como o Drex, no Brasil).
Essa convivência exige infraestrutura técnica, governança robusta e regulação clara, sob risco de comprometer soberania monetária e competitividade.
Impactos e lições para o Brasil
- Drex como pilar monetário regional
O Brasil, que avança com o Drex, pode extrair lições valiosas da experiência chinesa. O sucesso da stablecoin chinesa dependerá de confiança internacional, escalabilidade técnica e adequação regulatória. O mesmo vale para o real digital, que precisa nascer com:
- Governança clara e transparente,
- Integrações comerciais com países parceiros,
- Capacidade de competição com stablecoins privadas e moedas estrangeiras.
Se bem estruturado, o Drex pode ser o pilar monetário da América Latina digital.
O Brasil deve considerar o uso de stablecoins ou tokens lastreados em reais para o comércio internacional especialmente com a Ásia, África e países do Mercosul.
- Estreitamento de laços comerciais Brasil–China
Em maio de 2025, o Brasil e a China ativaram uma linha de swap cambial no valor de R$ 157 bilhões, com validade de cinco anos. O acordo, firmado entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China (PBoC), permite trocas diretas entre real e yuan, sem intermediação do dólar. Essa medida reforça a liquidez dos mercados locais e fortalece a cooperação monetária bilateral (Reuters).
Diante disso, a possível introdução de uma stablecoin chinesa lastreada em yuan pode:
- Tornar mais eficiente e barata a liquidação de contratos comerciais entre os países;
- Inspirar o Brasil a desenvolver instrumentos similares lastreados em real tokenizado, especialmente voltados a exportadores do agronegócio e da indústria;
- Impulsionar a adoção de gateways cripto-compatíveis no comércio exterior, otimizando tempo, reduzindo spreads e minimizando a dependência cambial.
- Geopolítica da infraestrutura e soberania digital
A China tem ampliado sua presença digital global via projetos como a Digital Silk Road (DSR). Isso inclui exportação de tecnologia de blockchain, 5G e soluções financeiras tokenizadas. O Brasil, ao integrar-se a esse ecossistema, precisa preservar sua autonomia digital.
O avanço de stablecoins estrangeiras sobre sistemas financeiros locais exige:
- Infraestruturas interoperáveis, mas soberanas, como o Drex, PIX e sistemas de compensação nacionais;
- Criptografia robusta e regras locais de compliance digital;
- Modelos de regulação que não dependam de infraestrutura crítica estrangeira, mesmo que em parceria.
🚨 O Brasil deve evitar a “importação passiva” de modelos digitais e, em vez disso, promover a cooperação tecnológica com garantias regulatórias e jurídicas bem definidas.
- Fragmentação ou novo sistema monetário multipolar?
A tokenização do yuan sinaliza uma nova era em que não haverá uma única moeda global dominante, mas sim vários polos monetários digitais interoperáveis:
- Dólar digital via stablecoins privadas;
- Euro tokenizado em testes na Europa;
- Yuan digital estável via stablecoins soberanas;
- Real digital (Drex) com potencial regional;
- Moedas africanas buscando alternativas via blockchain.
Isso exige que o Brasil:
- Prepare seu sistema financeiro para conviver com diferentes tipos de moedas digitais;
- Crie normas para a entrada de stablecoins estrangeiras sem comprometer o controle monetário nacional;
- Estabeleça o real tokenizado como um player legítimo nesse novo sistema híbrido (fiat + cripto + stablecoins).
O Brasil pode (e deve) liderar na América Latina
A proposta chinesa de stablecoin estatal mostra que as moedas digitais já não são mais um experimento, são instrumento de estratégia geopolítica.
O Brasil, com sua base em PIX, Drex, CVM 175 e marco legal dos criptoativos, tem a chance de:
✅ Criar um hub de emissão de ativos digitais regulados;
✅ Ser ponte entre América Latina, Europa e Ásia no mercado tokenizado;
✅ Posicionar o real como referência digital regional.
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