Um dos grandes benefícios que as criptomoedas e a blockchain forneceram ao mundo foram as finanças descentralizadas (DeFi). Para muitos, isso até pode soar estranho. Afinal, como funciona um ambiente em que transações monetárias e outros serviços financeiros ocorrem sem um agente centralizador específico ou com um nível muito menor de intermediários?
Este cenário não só é possível, como é significativamente mais eficiente do que os modelos tradicionais atuais. Não à toa, diversos bancos centrais estão implementando tecnologias semelhantes, como é o caso do Drex, no Brasil.
E inclusive, se engana quem pensa que esta será uma ferramenta exclusiva para uso interno. O BACEN anunciou na segunda-feira uma parceria com o Banco Central de Hong Kong para conectar os novos sistemas financeiros.
Mas como isso impacta a nossa vida e economia? Vamos discutir tudo isso no Radar 3.0 desta semana!
Busca por autonomia
A primeira criptomoeda do mundo – o Bitcoin – surge como uma resposta à necessidade das pessoas em terem maior controle sobre suas próprias economias, sem que empresas, governos ou uma autoridade central fosse capaz de influenciar em suas decisões.
Isso é possível, por conta da blockchain!
Esta tecnologia, capaz de ser totalmente descentralizada, é também segura e transparente. Acessível e auditável para quem quiser ver, além de permitir que a própria comunidade daquela plataforma ou rede guiem os passos do sistema.
A partir deste conceito, começaram a surgir plataformas de finanças descentralizadas cada vez mais completas.
Você é seu próprio banco
Quando falamos de DeFi, uma das analogias que mais aparecem é que, neste ambiente, a pessoa se torna seu próprio banco. Mas como assim?
Em um ambiente de finanças descentralizadas, você pode utilizar suas criptomoedas para usar como garantia na hora de tomar emprestado de outra pessoa, assim como o contrário. Você mesmo pode oferecer seus tokens para que outros usuários façam empréstimo delas.
As taxas são definidas por você, e tudo é garantido por smart contracts!
Ou seja, em caso de não cumprimento do acordo, as moedas aportadas como garantia são automaticamente destinadas à parte lesada.
Note, que todo este processo não exigiu que nenhum banco, cartório ou qualquer outro agente precisasse intervir. Foi uma negociação pautada totalmente por pessoas e contratos inteligentes.
Fora realizar empréstimos, a DeFi atua de formas ainda mais completas. Esses ambientes oferecem transações transfronteiriças, meios de pagamento, negociações de ativos, tokenização e até mesmo apostas.
E mais uma vez, tudo de forma 100% descentralizada!
Mas o que isso tem a ver com o Drex?
Um mundo baseado em DeFi
Aqueles que sonham com um mundo totalmente descentralizado podem se frustrar – pelo menos no curto prazo. Mas as esperanças não estão perdidas. Afinal, a tecnologia das DeFis está sendo implementada no nosso cotidiano.
O Drex não é uma plataforma descentralizada, mas tem algumas características que lembram.
Começando pela transparência. As operações financeiras tendem a se tornar muito mais visíveis e auditáveis, o que pode abrir portas para produtos mais elaborados e personalizados.
Por rodar em uma blockchain, o Drex também é igualmente eficiente. Então, em vez de você precisar de cinco intermediários para realizar uma única transferência, basta apenas a comunicação do seu banco com o Drex.
A proteção de dados também é um ponto importante. Inclusive, tem sido um dos maiores desafios do Drex atualmente. Afinal, mesmo sendo do Banco Central brasileiro, a entidade também está sob o guarda-chuva legal da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
No fim do dia, estamos falando de um sistema que é muito mais rápido, barato e “garantido”, tanto para os participantes deste segmento, quanto para o próprio usuário – seja você pessoa física ou jurídica.
Isso quer dizer que as condições de financiamento, por exemplo, podem ser 100% adequadas às suas condições, com garantias muito mais sólidas do que as atuais. Com isso, poucas etapas poderiam fornecer o valor contratado, por taxas muitos menores do que as praticadas atualmente.
O Drex é um avanço e tanto para o Brasil. Mas sugere que vai ser também para as relações internacionais!
Parceria brasileira com o Drex
Na segunda-feira, o Banco Central brasileiro e a Autoridade Monetária de Hong Kong anunciaram uma parceria para integrar suas infra estruturas financeiras “baseadas” no DeFi.
Agora, Drex e Ensemble (modelo de moeda digital com foco em sustentabilidade de Hong Kong) vão realizar diversos testes técnicos que vão desde pagamentos internacionais até a tokenização de ativos e créditos de carbono.
Como explicou o presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, os testes entre os sistemas fortalece a integração entre os mercados internacionais, que pode superar jurisdições distintas entre países.
Neste caso, a tendência é que a relação comercial entre Brasil e Hong Kong seja mais fluida, imediata e barata, o que pode favorecer empresas que queiram importar ou exportar produtos ou até que precisem realizar remessas e financiamentos fora de seus países.
Um passo por vez
Olhando para esta parceria, é possível ver que a tão famosa criptoeconomia deixou de ser apenas um objetivo ou um plano para o futuro. É uma realidade que ultrapassou projetos e idealizações e está entrando cada vez mais em prática.
É importante entender ainda que a integração não precisa – e dificilmente ficará – ser restrita entre Drex e Ensemble. A tecnologia é capaz de abranger diversos outros sistemas pelo mundo, ampliando as vantagens e conexões com outros bancos centrais.
E considerando os atuais movimentos, como o BRICS estudando o lançamento de sua própria moeda digital, a globalização ganha um novo capítulo em sua história, que será contado pela criptoeconomia.
Enquanto essas soluções não chegam ao público, a Foxbit Business já oferece diversas soluções da nova economia, como pagamentos com criptomoedas, tokenização de ativos e plataformas whitelabel para Crypto-as-a-Service (CaaS) para empresas que querem promover um ambiente seguro para compra e venda de criptoativos.